Apresentação

AsSALTO é uma actividade de Desenho e Escrita que tem lugar em espaços anónimos da cidade do Porto na iminência de serem transformados. Convidamos o público a descobrir e registar lugares privados, gerando narrativas contraditórias e discussões desenhadas, sobre a cidade, os seus espaços e os seus imaginários.

Os AsSALTOs não carecem de marcação nem inscrição prévia.

AsSALTO é uma actividade satélite do projecto «A Colecção de Desenhos. Escola de Arquitectura do Porto», do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

O Porto, como muitas das nossas cidades, detém um inestimável património construído anónimo composto por espaços e edifícios que testemunham determinadas épocas, formas urbanas e métodos de construir. Uma parte importante desses espaços, depois de anos votada à incúria e ao abandono, tem vindo a ser investida por um processo massificado e continuado de transformação, potenciado tanto por operações de regeneração urbana como pela eclosão do turismo.
Uma transformação implica sempre ganhos e perdas. Porém, em muitos casos assistimos literalmente a um assalto. Assaltos dos quais resta muito pouco, quase nada. Com efeito, nem sempre é dedicada suficiente atenção às características intrínsecas das construções, limitando a preservação à fachada e obliterando irremediavelmente a organização interior, os sistemas construtivos e uma série de elementos originais, que são substituídos por materiais e por formas de construir genéricas e convencionais. Se algumas intervenções representam inquestionavelmente um salto qualitativo face ao estado das pré-existências, outras porém são um verdadeiro salto para o esquecimento.
Pretendemos convocar o público para uma operação quase clandestina de descoberta e registo de uma série de lugares expectantes. Iremos a salto resgatar a memória espaços domésticos, de comércio ou serviços, edifícios abandonados ou reservados a um público restrito, na iminência de serem transformados, reestruturados ou demolidos, antes que a sua imagem se perca (ou não) para sempre.
Nestes assaltos pretendemos tomar pelo Desenho e pela Escrita edifícios privados. Queremos que o desenho e a palavra se assumam como ferramentas intrusivas para refletir, interpretar, valorizar e dar a conhecer estes lugares antes do seu salto no desconhecido. Fá-lo-emos não por militância conservadora ou patrimonialista mas para gerar narrativas contraditórias, discussões desenhadas, levantar questões e ativar novos entendimentos da cidade, dos seus espaços e dos seus imaginários.

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